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Resenha: Na minha pele

Sinopse

Movido pelo desejo de viver num mundo em que a pluralidade cultural, racial, étnica e social seja vista como um valor positivo, e não uma ameaça, Lázaro Ramos divide com o leitor suas reflexões sobre temas como ações afirmativas, gênero, família, empoderamento, afetividade e discriminação. Ainda que não seja uma biografia, em Na minha pele Lázaro compartilha episódios íntimos de sua vida e também suas dúvidas, descobertas e conquistas. Ao rejeitar qualquer tipo de segregação ou radicalismos, Lázaro nos fala da importância do diálogo. Não se pode abraçar a diferença pela diferença, mas lutar pela sua aceitação num mundo ainda tão cheio de preconceitos. Um livro sincero e revelador, que propõe uma mudança de conduta e nos convoca a ser mais vigilantes e atentos ao outro.

Na minha pele

Olá queridos leitores, bom dia!

A resenha que venho apresentar para vocês nessa segunda-feira é de um livro que tive conhecimento através do Instagram. Sigo o Lázaro Ramos e vi que ele ia fazer o lançamento de um livro e uma das cidades que ia acontecer esse evento era São Paulo na livraria Cultura. Fui no dia tentar pegar a assinatura dele, mas não rolou!

Como eu não estou com o livro mais comigo, pois eu dei , então essa resenha vai ser um pouco diferente das que eu costumo fazer.

Vamos à resenha?

Para contar sobre seu passado, quando criança, ele discorre sobre de onde ele veio, suas origens, um lugar chamado Paty, interior da Bahia, onde ele morava, pelo que eu entendi quase que como uma comunidade, onde sempre acontecia uma festa típica entre eles, mas essa cidade era um lugar desconhecido e esquecido, já que era interior do interior da Bahia.

A história dele pequeno, quando a mãe dele era empregada doméstica de uma casa de pessoas brancas, no qual ele relata que era muito claro o preconceito existente naquela relação de patroa e empregada.Assim como a questão de ele nunca se sentir à vontade para sair do quartinho da mãe dele, dentro da casa da patroa, visto que a dona da casa deixava muito claro até onde ele poderia ir dentro da casa dela.

Ele relata sobre um fato que aconteceu com ele quando passeava em um parque do Rio com o filho dele e ele avistou dois meninos negros adolescentes usando mochilas, em seguida ao ir embora ele vê os mesmos dois meninos sendo abordados por policiais para ver o que estava dentro da mala. Nesse momento, o filho do Lázaro Ramos pergunta o que estava acontecendo e Lázaro não se sente à vontade para conversar sobre a situação.

É abordado um assunto sobre o negro sempre ser visto pelas pessoas como o amigo, ou engraçado da turma , o que tem que fazer piada para todos gostarem dele. Muitas vezes quando ele não é nenhum desses dois estereótipos o negro geralmente sofre preconceito por não o ser e é taxado de metido ou chato. Nessa parte ele relata que estava em um uma roda de amigos e havia uma moça negra na turma que olhava para ele no canto da mesa.No final ela se aproxima dele na frente de todos e diz que ela também já havia sido como ele, a engraçada da turma para agradar os demais, ela dá uma risada e vai embora, ele fica muito sem graça com o que acabara de acontecer, mas segue a noite.

Ele aborda também algumas questões do mundo feminino da mulher negra, em sempre estar em desvantagem referente as mulheres brancas, ele cita um poema racial, no qual é possível encontrar a declamação na internet.Vale a pena buscar.

Minhas considerações sobre o livro, faz pouco tempo que eu de fato comecei a dar atenção e querer conversar mais profundamente sobre a questão racial. Hoje me considero uma mulher negra de pele clara. Sendo que meus traços faciais jamais negariam minha origem, assim como meus cabelos. Me considerando negra de pele clara e estando totalmente consciente de que eu não sofro o preconceito de negros de pele escura na mesma intensidade, não posso deixar de ser o que sou. Mas esse processo não foi fácil. Pois sou adotada e não conheço meu passado. Portanto chegar a essa conclusão levou sim um tempo.

Mas falando sobre o livro e se vale a pena ler, com certeza. Não acredito que somente pessoas negras devessem ler, mas todos, porque esse não é um livro segregador, ao contrário, ele é agregador. Abre seus olhos para o sistema que realmente vivemos dentro de uma sociedade como o Brasil, no qual o preconceito existe, mas é velado.

Algumas vezes eu procuro dizer que esse tipo de preconceito velado é pior do que outros, mas na realidade o preconceito é ruim de qualquer forma, pois vai te tolhindo aos poucos das reais oportunidades que você poderia ter na vida. No caso não quero dizer que um negro não pode chegar a uma posição de CEO, se ele não quiser. Acredito que chegue, mas que ele terá que se esforçar o dobro, ou o triplo que um branco isso é certeza.

Não indo muito longe, hoje no Brasil temos somente uma CEO negra no país, ela trabalha na Pandora e com certeza ela é a exceção da exceção. Assim como sabemos que uma capa de revista que tem uma pessoa negra estampando, vende cerca de 30% menos do que uma revista com uma pessoa branca.

No livro Lázaro fala sobre uma situação na qual uma mulher não conseguiu entender o motivo dele ter ficado bravo quando ela o confundiu com um ladrão. Acredito que fique muito mais fácil de entender se caso vocês tiverem a oportunidade de assistir ao documentário de Kalif Brownder. Ou o documentário 13ª emenda. O do Kalif é uma versão nua e crua da sociedade que vivemos, mesmo sendo Estados Unidos.

Acredito de verdade que se hoje um negro me falar que nunca sofreu preconceito, eu tenho certeza que ele ou ela não quer enxergar o que de fato acontece ao seu redor. Seria o mesmo que uma mulher me dizer que nunca sofreu com o machismo. Isso ainda existe. Mas acredito sim em mudanças e soluções e isso só vai acontecer se conversarmos sobre o assunto e buscarmos soluções efetivas.

E vocês, já leram o livro do Lázaro, ou algum parecido?

Não deixem de dar seu comentário.

Beijos carinhos,

Natália Carrieri.

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